Especialistas em ‘CHO’ dizem promover o bem-estar de colaboradores e fazer ambiente de trabalho ser mais produtivo
O bem-estar dos funcionários tem se tornado cada vez mais importante para o bom funcionamento e rendimento do trabalho em várias empresas. Com isso, o crescimento do cargo de chief happiness officer (CHO), ou diretor de felicidade, se consolidou como uma das apostas do mercado.
O profissional desta área é responsável por garantir um bom ambiente de trabalho, saudável e produtivo, ouvindo as questões dos funcionários. A saúde mental em foco e a melhoria do clima organizacional, valorização e reconhecimento são chave para o trabalho dos especialistas em felicidade corporativa.
A palavra “felicidade” neste ambiente, no entanto, pode gerar estranheza e até preconceito, segundo Sandra Teschner, certificadora chief happiness officer no Instituto Happiness do Brasil. Isso porque a felicidade é associada a uma ideia superficial de “alegria e diversão”, o que pode ser mal interpretado em ambientes de trabalho mais sérios.
“Existe algo que é muito interessante, que é o fato da palavra felicidade geralmente espantar mais do que atrair. Então muitas vezes a pessoa nos contrata, me chama para fazer um treinamento, fazer um trabalho diagnóstico, e me pede que eu só não cite que o nome disso é felicidade, que a gente chame de inteligência emocional, de programa de gestão em bem-estar, ‘mas por favor não chame de felicidade…’”, conta.
O que faz um diretor de felicidade?
“O Chief Happiness Officer (CHO), ele é exatamente o profissional responsável por promover felicidade e bem-estar dos colaboradores dentro das organizações, com base, isso é muito importante, em estratégias fundamentadas na ciência da felicidade, que engloba a psicologia positiva, psicologia organizacional, neuropsicologia na prática”, explica Sandra.
As iniciativas que um diretor de felicidade tende a tomar visam o fortalecimento de um ambiente positivo, para que ele seja mais colaborativo, emocionalmente mais saudável e reduzindo fatores de estresse, como a má comunicação, ausência de reconhecimento, e problemas com a liderança.
Quem pode ser um diretor de felicidade, ou CHO?
Para trabalhar como um diretor de felicidade, não é necessário ter uma formação específica. Os mais procurados, no entanto, são aqueles que se especializam ou têm interesse em psicologia, ou algum treinamento de liderança, e que estejam abertos a ser atuantes em processos mais humanizados e positivos.
Formada em engenharia, Patrícia Fauth se tornou CHO devido ao interesse em desenvolvimento humano. Por mais de 15 anos, ela liderou pessoas no ambiente corporativo e, atualmente, está à frente de sua própria empresa de consultoria e capacitação.
“Pela necessidade do mercado, existem certificações para quem vai ocupar esse cargo. Então, certificações de chief happiness officer que empacotam um grupo de conhecimentos que talvez já ajudem a pessoa, pincelam conhecimentos de várias dessas disciplinas”, diz.
Para a especialista, há alguns pilares fundamentais na profissão: boa comunicação, flexibilidade e capacitação. Isso porque o profissional desta área precisa dialogar com todos os tipos de funcionários em uma empresa, e ainda receber treinamento específico para exercer a função corretamente.
A função de um CHO também está ligada aos pilares de ESG, sigla que vem do inglês e significa Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança), segundo as duas especialistas. Para Sandra, a ligação está justamente na questão social, de promover a diversidade e inclusão. “O CHO, ele fortalece esse componente social ao implementar as práticas que valorizam o bem-estar humano, que promovem diversidade, impulsionamento, engajamento e produtividade, e se conecta a todos os pilares”.
Importância no mercado de trabalho
Com o aumento da valorização da saúde mental dos funcionários dentro de uma empresa, a tendência é que o cargo de diretor de felicidade cresça nos próximos anos. Fora do Brasil, países como a Dinamarca e Alemanha já investem nestes profissionais. Por aqui, a novidade pode ser vista em algumas grandes empresas.
Segundo Patrícia, o profissional dessa área pode prestar serviços como um consultor avulso para várias empresas, ou pode ser contratado integralmente. Empresas como a Heineken e a Chilli Beans já possuem profissionais fixos nesta função, por exemplo.
A professora de Liderança e Inteligência Emocional da ESPM, Lilian Cidreira, acredita que o cargo de CHO está dentro do escopo de Recursos Humanos (RH). Por isso, também pode ser chamado de “diretor de cultura” dentro da empresa.
“Eu tenho agora um profissional que não fica preocupado só em colocar amenidades, mas sim uma pessoa que tem uma dedicação no dia a dia dele de trabalho por entender a cultura daquele ambiente e criar uma cultura onde as pessoas se sentem felizes trabalhando ali”, comenta.
Para a professora, a profissão está em alta e deve crescer cada vez mais. “A pandemia criou essa demanda, sofisticou essa demanda”, considera Lilian.