“A busca pela plenitude é discutida há séculos por filósofos. Hoje, porém,já existe até uma equação paraalcançar a felicidade. A opção é sua por Sandra Teschner”
“Até parece!”, alguns devem estar pensando, nesse instante.
“Como podemos escolher sermos ou não felizes
neste mundo em que vivemos?” A boa notícia é que
a afirmação que encabeça este texto – e que visa encorajar
você a vir comigo nessa jornada – é cientificamente
comprovada. Assim sendo, é capaz de roubar sorrisos no
cantinho da boca até dos mais céticos. E tem mais: não há
nada de novo nisso.
Discussões envolvendo a felicidade são tão antigas quanto
a própria humanidade. Arriscaria dizer que temos o dever
e o direito de sermos felizes. Filósofos já defendiam –
no jogo sábio entre as ações e as palavras – direcionamentos
que hoje se mostram verdadeiros. Como a busca pela imperturbabilidade,
que é um dos estados ideais de vida.
Vamos atualizar esse discurso e chegar ao agora, alguns
anos e milhares de pesquisas depois. Vou dividir com vocês
a fórmula de Mo Gawdat, mestre, engenheiro e ex-diretor
da Google. Mo criou a chamada Equação da Felicidade,
que sugere fazermos uma pequena relação do que nos deixa
felizes, algo do tipo “me sinto feliz quando…” E, ainda
que seja pueril, segundo o autor, o próprio ato de criar sua
“Lista Feliz” já é uma experiência tão boa que, quando você
terminar, deverá se sentir revigorado e animado.
Nossas listas não serão as mesmas. Na minha, por exemplo,
estarão inclusos ouvir o meu filho Kai contar de sua vida,
sentir cheiro de café logo cedo, imaginar o colo de minha
avó e a cantoria de meu pai, além de ouvir minha mãe gargalhando!
A equação de Mo trata matematicamente a situação
e propõe o seguinte: a felicidade é igual ou maior à percepção
dos acontecimentos em sua vida menos a expectativa de
como sua vida deveria ser. O resultado dessa matemática da
vida definirá o quão feliz você conseguirá ser.
A expectativa é vilã porque nos coloca
na posição comparativa em relação ao
outro. As redes sociais apresentam uma
falsa (ou não) realidade que você se acha
incapaz de alcançar. Você segue esperando
o inatingível e, por consequência,
estará sempre insatisfeito.
Como todas as águas positivas levam
ao mar da satisfação plena, e eu sou
mergulhadora assídua, com carteirinha
e tudo, há alguns anos vivenciei o que
se chama de EQM, ou seja, uma “experiência
de quase morte”. Ao acordar na
UTI, eu me lembrava de ter visto uma
luz cor-de-rosa e de ouvir repetidamente,
como se fora uma oração, ou um
mantra, “ a felicidade consiste em mudar
tudo o que posso mudar, aceitar tudo o
que não posso mudar e principalmente
na sabedoria em diferenciar os dois momentos”.
Pratico isso, todo dia.
Alguns professores de renome internacional
defendem que 50% da condição
de ser feliz é genética, uma pequena
parte vem do meio ambiente e das
condições de vida e a principal, cerca de
40%, depende de cada um de nós. Por
ser alguém agraciada com meu DNAfeliz,
busco semelhantes vida afora e os
encontro nas situações mais diferentes
e menos óbvias. Como em crianças que
sofrem duras perdas, umas com amputações
em múltiplos membros, outras com
câncer reincidente ou ainda com síndromes
raras. Todas elas portadoras de uma
imensa alegria de viver, dispostas a fazer
a diferença e certas de que a vida é maior do que qualquer
perda. Elas descobriram o que tantos almejam sem saber onde
encontrar: o propósito da existência. Vivo e trabalho intensivamente
com elas e uso todas as ferramentas que tenho, do amor
à gratidão, da empatia à presença. Doo, primeiramente, o bem
mais raro que podemos possuir em 2019: o tempo qualitativo.
Mas nem tudo é alegria. Em cada quatro pessoas que
você encontra, uma sofre de depressão. A cada 40 segundos,
alguém comete suicídio no mundo. O mal do nosso
século é o ódio e seu poder exponencial de se propagar em
rede contamina gerações.
Proponho espalharmos a boa-nova de que ser feliz é uma
decisão. Temos de estar à frente desse movimento global que
prega um resgate de nós mesmos, munidos de emoções positivas,
de resiliência e de gratidão. Sabendo que somos parte
de algo maior, cuidando de nós mesmos e do outro, buscando novos aprendizados, promovendo autoaceitação, exercitando-
nos! Somos corpo, mente, espírito e, talvez o mais importante,
relacionando-nos, conectando-nos em inner-net.
E se agora vocês disserem que sou uma sonhadora, já sabem
o que eu vou responder, certo? “I’m not the only one”.
*Sandra Teschner é publisher da Profashional Editora, escritora,
CHO (Chief Happiness Officer) e palestrante de temas como
autoestima e felicidade. Fez desses tópicos objeto de pesquisa técnica.
Desenvolve um trabalho social principalmente com crianças e jovens
que sofreram múltiplas amputações.