Sandra Teschner foi uma das entrevistadas do Huffpost Brasil para a matéria : “ É possível ser feliz em 2020?”
A Chief Happiness Officer ressalta que “ é possível ser feliz em qualquer tempo, porque se trata de um estado de ser, e não de sentimentos momentâneo os. Lembra ainda que pessoas felizes sentem suas dores, a diferença bem em como lida com elas, em como ressignificam as dificuldades. Em situações complexas a todos, os felizes sem dúvida, serão os primeiros a encontrarem as saídas, já que a ciência prova a alta capacidade resiliente deste estilo de vida”. O texto na íntegra você confere abaixo. Pandemia. Ciclone. Ataque de gafanhotos. Trabalho remoto em péssimas condições. Ou ainda pior, desemprego. Racismo pra todos os lados. Um governo que parece não se importar com a educação e saúde dos mais necessitados. Passar o dia vendo ou participando de lives com uma internet horrível. E às vezes um conteúdo meio sem graça. Saudade da família. Saudade dos amigos. Saudade até de reuniões enfadonhas no trabalho. Falta de concentração pra tudo. Ansiedade lá em cima. Isso tudo sem ter direito a sentir os prazeres mais simples e importantes da vida. Tomar uma cervejinha no bar? Balançar a bunda numa festinha? Flertar com estranhos? Transar pela primeira vez com o futuro amor da sua vida? Pegar um cineminha mesmo pra ver um filme ruim? Ir num show qualquer? Esqueça. Esqueça. Esqueça. Esqueça. Esqueça. Esqueça. É pensando nesse cenário apocalíptico que resolvemos responder a pergunta: é possível ser feliz em 2020? Já adianto que a resposta é depende, mas vamos com calma. Pra começo de conversa, há um tempo o brasileiro já não estava muito feliz. De acordo com o Estudo Global da Felicidade, realizado pelo Instituto Ipsos, em 2019, 61% dos brasileiros se consideraram felizes ou muito felizes. Em 2018 essa proporção era de 73%. A média global também caiu. No mundo, o índice saiu de 70% para 64% de 2018 para 2019. Saúde e bem-estar, emprego que faça sentido, sentir que a vida faz sentido, segurança pessoal e sentir que está no controle da vida foram os principais assuntos apontados pelos brasileiros como fontes de felicidade nesse estudo. Tudo que parece estar um pouco ameaçado pela pandemia do novo coronavírus e as crises de 2020. A executiva Sandra Pessini, diretora da Comunicação do Ipsos no Brasil, explica que esses dados neste momento de pandemia apontam um desafio muito grande para todos os países. Segundo ela, sete estágios envolvem a pandemia e a forma como as pessoas lidam com ela: descrença, preparação, adaptação, aclimatação, resiliência, expectativa e medo. A descrença foi vista quando as pessoas ainda não acreditavam que o vírus iria transformar nossas vidas, e o medo é o que já se vê em países onde a pandemia foi controlada, e agora há o medo do retorno à vida normal e do retorno do vírus. “Tudo isso gera uma ansiedade muito, muito grande”, explica Sandra. Uma pesquisa realizadas em 16 países pelo Instituto Ipsos para mostrar como as pessoas estão lidando com a pandemia revelou que os brasileiros são os que mais sofrem ansiedade em relação à pandemia de covid-19. “É um dado muito forte, 41% dos entrevistados estavam sofrendo por causa da pandemia. Este sentimento é mais forte entre as mulheres, é de 49%.” Por estes e outros dados, podemos então dizer que os brasileiros estão mais tristes ainda em 2020? Sandra afirma que as pesquisas recentes não fizeram essa análise, mas “o palpite é justo”. Ela lembra que existem momentos de alegria, claro, “os brasileiros começaram a fazer pães, na minha timeline pelo menos temos um monte de amigos e colegas fazendo pães, isso dá uma alegria, uma emoção positiva”. Mas ela pondera: “se fizéssemos a pesquisa da felicidade neste momento, acredito que esse resultado vai ser bem baixo”. A política também causa preocupação e as constantes crises no governo brasileiro trazem um cenário de menos felicidade. “Tem também a questão da polarização política e que no Brasil tem um lado muito agressivo, principalmente nas redes sociais. Isso tira também um pouco do sossego e atrapalha a felicidade até em família”, explica Sandra. Apesar desse cenário difícil, resolvemos conversar com pessoas com diferentes visões de mundo se é possível sermos felizes em 2020. Perguntamos para a cartunista Fabiane Langona; as jornalistas Maristela Rosa e Natália Romualdo, do canal Papo de Preta no YouTube; a especialista em felicidade Sandra Teschner; o youtuber Klébio Damas; a DJ e podcaster Laurinha Lero; o idealizador do Congresso Internacional da Felicidade, Gustavo Arns; o biomédico Jonathan Vicente; e o ator e roteirista Daniel Furlan (aqui respondendo como o personagem fictício Craque Daniel), se é possível ser feliz em 2020. Que as respostas inspirem você: Fabiane Langona é cartunista, já trabalhava em casa desenhando antes da pandemia surgir, o que a poupou do infortúnio de ter de se adaptar a esse cenário. Os demais estresses do dia a dia, porém, seguem firmes. Para ela, “a felicidade é um conceito meio abstrato, como diria o grande poeta popular Odair José ‘felicidade não existe, o que existe na vida são momentos felizes’”. Momentos assim são difíceis de viver em 2020. “Eu acho que se tu tens o mínimo de empatia e não é indiferente ao mundo ao redor, é impossível estar totalmente plena, a não ser que seja um coração gelado. Acho que agora as coisas estão piores, acho que nunca passei na minha vida por um momento tão tenso que eu tenha me sentido tão angustiada. Acho que todo mundo está muito cansado, ansioso e nervoso.” Porém, Fabiane acredita que não é impossível ter seus bons momentos no dia a dia, mesmo se for necessário se desligar um pouco do mundo. “Manter o controle é uma tarefa difícil. Eu tenho tentado levar minha vida de uma forma com que as minhas variações hormonais estejam controladas, que eu tire alguns dias para não fazer nada, uma espécie de alienação proposital. Pelo menos um dia da semana eu não vejo televisão, não leio jornal, não vejo notícias, porque isso me suga muita energia. Pra mim pelo menos é muito importante ter uns momentos de solidão